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Mostrando postagens de março, 2011

Hematófagos

O sangue escorria. Ela me mordera. "Por que? Como?" Foi como reagi Quando percebi Onde me meti. Era um encontro, Desses às escuras... Estava carente. Agora tenho sede, A latente necessidade. Sede, sede, sede... Meu amigo dissera: "Ela é bela, culta..." Foi minha culpa. Não posso culpá-lo Por minhas fraquezas. (Ele sabia. Certeza.) Corpo esguio, Ares soberbos, Olhares de anjo caído... Senti certo medo, Talvez fosse instinto... Algo não estava certo. Ignorei meus sentidos. Ela era meiga, afável. O que daria errado? Do bar para casa. Da casa para o quarto. Pensei estar apaixonado... Talvez estivesse. Senti seus lábios Em meu pescoço nu. Eu era a presa Inquieta sob domínios De uma bela fera. Um calafrio percorria Meus músculos e espinha. Era tudo que sentia. Mal pude notar Uma mordida leve Seguida do frio inundante Nem a tonteira Devido à perda Excessiva de sangue. Desmaiei (morri?). Acordei. Ela fora embora, Mas deixara sua marca. Agora sou também Amaldiçoado como ela.

A Tulipa

Ao observar uma flor - tulipa amarela, muito bela - um jovem pensa e revela todas suas faces secretas. “Ignorando o ditado, com essa flor eu bateria numa mulher - pura esquizofrenia! Preferia comê-la com aspargos.” Proclama a máscara do palhaço. “Queria ser como a abelha que voa de flor em flor. Experimenta cada aroma e pólen sem nenhuma vergonha ou pudor.” O manipulador sussurra inquieto. “Cultivá-la ou arrancá-la; controlar morte e vida. Brincar de Deus com uma tulipa.” Diz secamente o anjo caído. “Queria ser como ela possuidora de belas pétalas simétricas, mas sou um trevo quimérico: quatro folhas incertas, difusas e transgênicas.” O jovem pensa sem vida. ----- Mais uma do meu acervo antigo pessoal. Depois de um comentário que escrevi no blog da Cris a uns dias atrás lembrei dessa poesia. PS: Acho que estou que estou com dor de garganta. Na verdade eu estou com uma certa dor de garganta, mas não sei se é dor de garganta mesmo ou se é só "dor de garganta"... se é que vocês

Kriptonitas do Fie

Numa estranha e repentina vontade de mostrar mais sobre mim, resolvi vir aqui falar dos meus mais fortes pontos fracos. Óculos: Eu amo óculos. Não importa o quanto precisem ser limpados, quanto incomodem ou quanto sejam frágeis. Eles passam um ar de elegância que pra mim é único e insubstituível. Numa mulher eles fornecem uma beleza alternativa irresistível. Nunca nem tentei usar lentes de contato, apenas sei que não preciso e que não vou gostar. Ombros Femininos: A melhor parte do corpo de uma mulher. Admito, tenho uma taradisse peculiar por ombros. Use uma roupa que deixe os ombros um pouco mais à mostra que o normal e vou encarar como uma tentativa inconsciente de me deixar bem... "perturbado". É a primeira coisa que reparo numa mulher, quando possível. Olhares Insinuantes: Quem não gosta de cruzar olhares com alguém e descobrir (ou ao menos suspeitar) de que aquela olhada tinha um fundo de interesse? E não é verdade que você provavelmente vai retribuir os olhares da me

Reticências...

Você sabe pra que servem as reticências? Bom, eu tenho uma vaga idéia. Não importando muito sua real utilidade ela é minha pontuação preferida. De acordo com a difamada wikipédia brasileira (que muitos dizem não ser de confiança, e eu concordo): "As reticências são, na escrita, a sequência de três pontos (sinal gráfico: …) no fim, no início ou no meio de uma frase. A utilização deste género de pontuação indica um pensamento ou ideia que ficou por terminar e que transmite, por parte de quem exprime esse conteúdo, reticência, omissão de algo que podia ser escrito, mas que não o é." (sim, no texto da wikipédia está escrito "género" e "ideia") Já da pra interpretar que reticências são pausas mais prolongadas que vírgulas e menos bruscas que um ponto final ou ponto-e-vírgula. Uma espécie de meio-termo... E eu adoro meio-termos. Pra mim as reticências são por si só as personificações do pensamento. Eu vivo usando elas por que vivo pausando qualquer coisa que fal

Divagando

Sonhei com algo... Sei que sonhei. Não consigo lembrar, Mas ele está lá. Sonho que persiste. Sonho que divaga. Será que ele foge? Ou eu o espantara? Respiro devaneio vivo, Inspiro suspiros noturnos. Sussurro junto ao ouvido Um incontido resmungo... Com eles sigo. Me apego. Preciso. Sem eles... Consigo? Duvido, duvido...

Mandamentos da Felicidade

Assim, assim... minha prima faz curso de inglês e ela tinha fazer o seguinte trabalho: Criar "10 Mandamentos" que seriam necessários para ela ser feliz. Como a criatividade não é característica forte em todos os membros da minha família ela veio pedir socorro pra mim, logo pra mim né? ;p Daí, saiu isso: 1º- Amor Próprio: Seja você mesmo independente de quem você for. Se aceite e aprenda a se amar. 2º- Amor Fraternal: Aprenda a aceitar os outros como eles são independente de quem eles sejam da mesma forma que você aceita e ama a si mesmo. 3º- Família: Respeite aqueles que te botaram no mundo e nem sempre os questione sobre as coisas que eles escolherem para você. Na maioria das vezes eles estão certos, afinal, eles querem apenas o seu bem. 4º- Amigos: Ninguém pode viver sozinho e ninguém pode viver apenas com sua família. Conhecendo novas pessoas você pode conhecer novas culturas, diversidade sempre é bom. Mas cuidado, qualquer amizade que entre em conflito com os mandamentos

Aquilo que matou o gato...

Olhares misteriosos. Olhares de princesa - de musa, puta, deusa. Olhos profundos. Olhos amendoados de pardal em voo alçado. Olha-me curiosa. Olha-me com presteza; me obrigando a devolvê-los sem nenhuma sutileza. ---- PS: Poesia velha, fiz acho que tem dois ou três, só postando por que eu gosto e é pequena. Queria algo pequeno pra "quebrar" aquele conto enorme do último post. ^^ Curiosidade: O que me inspirou foi uma amiga não muito íntima pela qual eu tinha uma ou outra queda e que acredito que ela tinha quedas por mim também... Vivíamos trocando olhares, mas não era pra ser. ;p

A Flor e o Lobo

(Obs: Antes que comece a ler quero só que você saiba que se não gosta de contos de fadas, nem de contos um tanto longos ou com finais em aberto não precisa nem começar a ler esse conto aqui. Outra coisa que quero dizer é que me baseei apenas numa simples frase de um anime para criar esse conto: "O lobo procura a flor. A flor procura o lobo."; aos que vão ler... espero que gostem. ^^) Venham todos, não se acanhem. Tenho uma bela história para lhes contar. Andem, vamos, aproximem-se, pois é uma daquelas histórias que vale a pena ouvir. Vocês vão se encantar. Talvez vocês já tenham ouvido falar na lenda de um jovem estranho conhecido como Fulssir... Não? Então quem sabe na história de uma estranha menina-flor que se chama Lili... Também não? Tudo bem, não se acanhe. Os bardos de hoje em dia não são mais como os de outrora. Para sua sorte aqui está a sua frente uma daquelas pessoas que conhecem muitas histórias à moda antiga e contos de fantasias. O protagonista dessa hi

Águas de Março

Sentado em minha cama, leio o livro “Viventes das Alagoas”, ótimas crônicas de Graciliano Ramos sobre sua terra, reunidas em volume único. Estava lá pela página noventa-e-algo quando começo a sentir um cheiro conhecido, como o de madeira recém serrada, ou mesmo serragem. A janela do quarto está aberta por conta do calor, o vento refresca um pouco o ambiente. A princípio penso que aquele odor familiar vem das páginas do livro, já que tem mais de trinta anos, mas o cheiro está forte demais para vir dele. Subitamente me dou conta de que cheiro é esse... Uma fragrância que sempre amei: o cheiro de asfalto quente umedecido pela chuva. Corro para a janela após marcar a página do livro com a primeira coisa que encontro - meu celular. Chego à janela e vejo um chuvisco carinhoso baixar a temperatura da cidade, fazendo com que o vento abafado de verão se torne uma brisa fresca de primavera. Fecho os olhos pra sentir melhor a brisa afável animar-me o espírito. Fazia alguns dias que não chovia, se

O Admirador

Lá estava ele de novo a observá-la. O modo como ela ajeitava as mechas de cabelo da frente do rosto para não atrapalhar a visão, quando ela se recurvava frente ao caderno para escrever seja lá o que ela escrevesse, o andar apressado e quase fujão de garota medrosa, os rápidos riscos de olhares curiosos para objetos ou pessoas que lhe interesassem repentinamente, o ar de seriedade quando defendia qualquer de suas crenças ou mesmo suas hipóteses. Era um vício prazeroso ficar apenas a olhar o modo como ela fazia graciosamente qualquer coisa. Quase uma obsessão, apenas quase. O sorriso que ela soltava quando contava algo que parecia engraçado era um charme único. Tudo dela lhe instigava a curiosidade num nível não muito alto, apenas a ponto de continuar apenas a observá-la incógnito e irreconhecível. Se ela trocava olhares ele não desviava, apenas a encarava firmemente, fingindo que não a estava olhando de verdade, mas apenas perdido em devaneios loucos quaisquer... E ele fingia isso muito

O Rei Solitário

Havia um rei e seu castelo. Não haviam guerras para serem travadas, nem soldados para guerreá-las. Nem casas para serem habitadas ou plebeus para que as habitassem. Não haviam piadas para serem feitas, nem menestréis para contá-las. Tristezas e felicidades já não eram mais sentidas. Nem o vento soprava fazendo das tardes mais frescas. A chuva que caía não trazia mais as antigas nostalgias. Os familiares o deixaram por que não sentiam mais conforto em ficarem ao seu lado - ele os havia espantado. Seus súditos haviam ido embora por que o reino não era mais produtivo como outrora. As moradias estavam destruídas, o castelo empoeirado, as colheitas todas secas... Era um reino abandonado. O rei ficava apenas ali sentado, pensando sem pensar, com o queixo apoiado no punho cerrado e não tendo forças para um mero pestanejar. Pensava na morte, pensava na vida, coisas bobas do dia-a-dia. Lembrava às vezes dos tempos antigos, de quando aproveitar a vida era agradável, mas tudo havia virado passado