O Admirador
Lá estava ele de novo a observá-la. O modo como ela ajeitava as mechas de cabelo da frente do rosto para não atrapalhar a visão, quando ela se recurvava frente ao caderno para escrever seja lá o que ela escrevesse, o andar apressado e quase fujão de garota medrosa, os rápidos riscos de olhares curiosos para objetos ou pessoas que lhe interesassem repentinamente, o ar de seriedade quando defendia qualquer de suas crenças ou mesmo suas hipóteses.
Era um vício prazeroso ficar apenas a olhar o modo como ela fazia graciosamente qualquer coisa. Quase uma obsessão, apenas quase. O sorriso que ela soltava quando contava algo que parecia engraçado era um charme único. Tudo dela lhe instigava a curiosidade num nível não muito alto, apenas a ponto de continuar apenas a observá-la incógnito e irreconhecível.
Se ela trocava olhares ele não desviava, apenas a encarava firmemente, fingindo que não a estava olhando de verdade, mas apenas perdido em devaneios loucos quaisquer... E ele fingia isso muito bem, não demorava para que ela deixasse de trocar olhares e perdesse a crescente curiosidade repentina que mal chegava a surgir dentro dela.
E assim eles seguiam, vivendo juntos ao mesmo tempo que separados. Ela fazendo parte do mundinho recluso dele sem saber, ele se perdendo no mundinho curioso dela sem ter medo.
Se ele a amava? Não, não... apenas a admirava.
Era um vício prazeroso ficar apenas a olhar o modo como ela fazia graciosamente qualquer coisa. Quase uma obsessão, apenas quase. O sorriso que ela soltava quando contava algo que parecia engraçado era um charme único. Tudo dela lhe instigava a curiosidade num nível não muito alto, apenas a ponto de continuar apenas a observá-la incógnito e irreconhecível.
Se ela trocava olhares ele não desviava, apenas a encarava firmemente, fingindo que não a estava olhando de verdade, mas apenas perdido em devaneios loucos quaisquer... E ele fingia isso muito bem, não demorava para que ela deixasse de trocar olhares e perdesse a crescente curiosidade repentina que mal chegava a surgir dentro dela.
E assim eles seguiam, vivendo juntos ao mesmo tempo que separados. Ela fazendo parte do mundinho recluso dele sem saber, ele se perdendo no mundinho curioso dela sem ter medo.
Se ele a amava? Não, não... apenas a admirava.
Lindíssima crônica.
ResponderExcluirSobre o que escreveu lá no meu blog, deixo um poema para vc, de Vinícius de Morais:
A UM PASSARINHO
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis
Deixe-te de histórias
Some-te daqui.
Bom dia Fil. Fique tranquilo, eu ñ entendi sua mensagem de forma errada.Apenas a vida é que imita a arte, e achei super parecido a nossa historinha com o poema de Vinícius. Mas fique sossegado, amigo: eu nao sou um passarinho e vc ñ é Vinícius.Foi apenas uma metáfora.
ResponderExcluirSei que nós, que gostamos de escrever, podemos falar do outro, na primeira pessoa, ou de nós mesmos, mas quando falamos de nossos sentimentos pessoais às vezes é segredo, até para nós mesmos.Fica difícil saber o que é ficção ou realidade. Eu penso algumas vezes que determinado texto seu não é ficcional, e me preocupo, só isso.
Por trás desse desenho de uma lágrima no olhar, existe um ser humano, e gostaria que esse ser humano fosse feliz.
Sei que sou intrometida, mas não consigo mudar, ainda.
Independente de qualquer religião, somos elos de uma mesma corrente e não devemos tentar viver sozinhos, não é bom.Não falo aqui da relação homem/mulher, pois milhares de pessoas são felizes sendo celibatários. Hoje em dia o casamento é algo muito complicado, e as vezes é melhor ser solteiro/a.
Mas falo das relaçõs humanas de um modo geral. Precisamos do outro, quer seja ele um amigo, um velho, uma criança. O importante é nao ficar muito sozinho dentro de si.
Sua amiga,Dona Neve
Eu gosto muito do seu Blog, seus textos trazem sempre uma mensagem interessante. Te indiquei um selo: http://mysteriesclouds.blogspot.com/2011/03/selo.html
ResponderExcluir:D