Poesia Inacabada

Após a Hora Zero

Sobre passos frenéticos e incógnitos,
Eternos vagares sob a luz do luar,
A madrugada se abre e desaflora
Para quem a queira deslumbrar.

O silêncio prevalece nas ruas frias,
Sussurros carentes do amigo vento,
Uivos de casais apaixonados
Mal podem ser ouvidos nesse alento

Gatos fuçam lixos como cães.
Cães dormem em esquinas abandonadas,
*Pardais mortos em ninhos vivos
*De penas multilaceradas

A cada metro avançado
Uma nova solidão é descoberta
Na vida sem vida da madrugada,
Dama pura de tão deserta

Almas penadas que se cruzam
De imediato ignoram
Presenças que não sejam suas;
Esgueiram-se rápido em qualquer rua...

Com sua graça de eterna apaixonada
Preenche vidas, corrói almas
Destrói qualquer barulho ou ruído
*Com sua essência desgraçada
-----

Quando comecei essa poesia, pretendia fazer uma poesia com mesmo número de versos da "Violões que Choram" (que muito amo!) de Cruz e Souza, porém com temática voltada para a madrugada.

Apesar de eu ter tremendas inspirações sobre madrugada (já que passei boa parte da minha vida vagando entre as ruas de minha cidade com ela) não sei explicar por que, mas não consegui sair do último verso... Talvez a própria poesia tenha se terminado por si só... E também terminado com meu objetivo de uma "réplica" da poesia do Cruz e Souza (talvez a poesia dedele que não possa ser "replicada").

Enfim, está bom como está.

*os versos ressaltados com asterísticos estavam assim por que eu pretendia mudá-los para que se encaixassem melhor na poesia, mas pelo mesmo motivo que não pudê terminá-la, também não pude alterá-los (às vezes não consigo domar a inspiração e às vezes é ela quem me doma)...

Comentários

  1. Muito lindo a figura que vc usou para a madrugada: "dama pura". Um achado!
    Semelhante a voc~e, tb sou apaixonada pela madrugada, mas não posso mais usufruí-la!
    Faz uns meses eu e meu marido fomos a uma festa no clube da minha cidade, que fica a duzentos metros de minha casa. Fomos a pé, pois a nossa própria rua estava lotada de carros de pessoas que foram à festa, entao seria loucura ir de carro, né?Na volta da festa, eram umas duas e meia da madruga, pois um cara não veio nos abordar, pedindo grana????
    Quase morremos de medo, eu tirei o salto alto e fomos quase correndo, nao corremos por dois motivos: a nossa idade nao dá mais pra correr tanto assim e a gente nao queria demonstrar muito medo. Mas o cara era horroroso, e chegou cheio de autoridade: Ei, senhor, mé dá um dinheiro, vc tem, saiu de uma festa!
    Entao, nem em cidade do interior a gente pode sentir o cheiro da madrugada, ah como a madrugada é perfumada...

    Não gostei de "casais uivando". Ficou pesado, sei lá. Me lembrou coiotes uivando pra lua, enfim...
    Já que vc está ainda em meio ao processo criativo, poderia rever isso dos uivos. Mas se quiser deixar, o filho é seu! rs rs rs
    Adoro seus comentários, vc é muito 10!
    Abração da amiga virtual

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  2. Que bom que gostou. =)
    O lance do "casais uivando" é realmente pra lembrar selvageria, infelizmente conheço (e já vi) umas pessoas que se metem nuns cantos desertos de ruas pra fazer isso mesmo... Selvageria!

    Uma ou outra vez do meu passado "negro" (hehe) eu mesmo já fiz isso. A idéia era essa. Fica como está. E o filho já nem é mais meu, esse daí já tomou rumo. ;*

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  3. http://msecretsecrets.blogspot.com/

    Novo post :D

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  4. Lindo querido, nossa madrugada* * *
    Te amo!

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